23 março, 2008

"Estratégia de terror"

GUERNICA, Picasso,1937.


Impossível passar despercebida! Não existe cor. Apenas preto, branco e tonalidades de cinza. Inquieta, agressiva, para incomodar!! Para não nos deixar esquecer as atrocidades desumanas das guerras, a angústia e o terror da bárbarie militar. Embora a destruição do pequeno povoado de Guernica(Espanha, 1937) pela força aérea nazista tenha sido a inspiração da obra do pintor, Picasso pretendia que sua obra fosse uma espécie de instrumento de denúncia contra as atrocidades da Guerra Civil espanhola e contra a eterna desumanidade do homem.

A tela Guernica de Picasso foi exibida pela primeira vez em 1937, durante a Exposição Internacional de Paris no pavilhão da República Espanhola. Algum tempo depois, em Paris, perguntou o embaixador alemão Otto Abetz ao autor da obra: "Vocês fizeram isso?", "Não, foram vocês", respondeu Picasso, que destinou os lucros das exposições de "Guernica" à causa republicana. (da France Presse, em Madri, ILUSTRADA, Folha de SP, 25/04/2007)

A "estratégia de terror", como foi chamado o ataque à Guernica, continua atual, bombardeios aéreos, ataques suicídas, batalhas sangrentas. É o que é preciso para o mundo voltar os olhos, para governantes e a comunidade internacional prestarem atenção!? Tibetanos que o digam. Suas manifestações e resistência pacíficas contra a repressão da China não ganharam tantas manchetes nos jornais internacionais.

"Faltavam carros incendiados e cadáveres? Aí estão."(Francine, colunista da Folha de SP,22/03/2008).

A obra Guernica ficou durante um longo período no museu de Arte Moderna de Nova York. Atualmente encontra-se no Centro de Arte Rainha Sofia, em Madri.

13 março, 2008

Mar à dois

esse é meu, MonetiLHuertas

POEMAS INCONJUNTOS, Alberto Caeiro

PARA ALÉM da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada,
Não sei nem pergunto.
enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.

Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.