"Um galo sozinho não tece uma manhã
ele precisará sempre de outros galos.
De que um apanhe esse grito que ele
e lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendo para todas no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão."
JOÃO CABRAL DE MELO NETO
09 julho, 2008
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